Alergénio: Leite
O leite de vaca é uma mistura de mais de 20 componentes, entre os quais proteínas como a caseína, α-lactoalbumina e a ß-lactoglobulina, albumina de soro bovina e imunoglobulinas bovinas, que estão implicadas nas reações alérgicas e açúcares como a lactose, que está implicada em reações de intolerância gastrointestinal (1,2).
O uso abusivo do leite de vaca tem levado a um aumento da incidência de doenças associadas ao consumo de leite (2), que se dividem em dois grupos:
a) Alergia às Proteínas do Leite de Vaca (APLV), que pode ser: mediada por anticorpos IgE, não mediada pelos anticorpos IgE ou mista (3,2);
b) Intolerância à Lactose, que pode ser devida a hipolactasia congénita/alactasia, hipolactasia primária tipo adulto (HPTA)/adquirida ou hipolactasia secundária. Esta última está normalmente associada a danos no intestino provocados por doenças inflamatórias intestinais, doença celíaca ou infeções intestinais (4).
O ponto principal do tratamento da Alergia às Proteínas do Leite de Vaca é a exclusão do leite de vaca e seus derivados, enquanto na Intolerância à Lactose não é necessária uma dieta tão rigorosa mas apenas a redução da ingestão de alimentos que contêm lactose (3). Em qualquer dos casos é importante saber identificar a presença de leite na rotulagem.
O leite e produtos à base de leite, incluindo lactose, fazem parte da lista de alimentos alergénicos obrigatoriamente mencionados nos rótulos pela legislação europeia (3,5). Desta lista excetuam-se o lactossoro utilizado na confeção de destilados alcoólicos e o lactitol (5). Veja abaixo a explicação para estas exceções.
Na alergia à proteína do leite de vaca, pode ocorrer reação cruzada com o leite de outros mamíferos, nomeadamente leite de ovelha, cabra ou burra. Isto acontece porque o organismo confunde as proteínas dos diferentes leites devido à suas semelhanças, reagindo da mesma forma (1). A lactose encontra-se também presente nos leites de vaca, cabra, ovelha (4). Por esse motivo, a legislação contempla a rotulagem destacada para todos os leites provenientes da glândula mamária de animais de criação e não apenas do de vaca (1,5).
Como identificar o leite na rotulagem: (1,3,6)
Leite de vaca, leite de cabra, leite de ovelha, leite condensado, leite evaporado, leite desnatado, leite em pó, soro de leite, lactossoro, creme de leite, caseína, caseinatos, hidrolisados (de caseína, de proteínas do leite e do soro), lactoalbumina, β-lactoglobulina, coalho de caseína, fosfato de lactalbumina, lactoglobulina, lactulose, lactose, aromas, manteiga, aroma artificial de manteiga, gordura de manteiga, óleo de manteiga, nata, queijo, requeijão, iogurte.
Exceções na rotulagem:
E966 Lactitol - embora seja um derivado da lactose, a EFSA, tendo em conta dados de estudos científicos, considera improvável que o lactitol cause reações adversas em indivíduos intolerantes à lactose e que não é muito provável que o lactitol desencadeie reações adversas em indivíduos alérgicos ao leite de vaca nas condições de uso normais, por esse motivo não é obrigatório destacá-lo na rotulagem (7).
Bebidas destiladas feitas a partir de lactossoro - incluem gin, genever, pastis, ouzo, anis, aquavit, vodka, jagertee, advocaat, slivovice e outras bebidas espirituosas similares. A EFSA, observou que proteínas, peptídeos e lactose não são transportados para o destilado durante um processo de destilação adequadamente controlado, pelo menos não acima de 0,5 mg/L para proteínas e 0,04 mg/L para lactose e por isso considera que é improvável que os destilados feitos de lactossoro desencadeiem uma reação alérgica grave em indivíduos suscetíveis, por esse motivo não é obrigatório o seu destaque na rotulagem (8).
Deve ter-se em atenção que o facto de um alimento ser apresentado como isento de lactose não o torna seguro para pessoas com APLV – o leite e os seus derivados sem lactose têm uma composição proteica idêntica à dos produtos com lactose, sendo por isso igualmente alergénicos (3).
Os produtos Fidu não contêm leite nem lactose. Também não manipulamos nas nossas instalações nenhum ingrediente que possa estar contaminado com leite. Dessa forma, garantimos que não há contaminações cruzadas por vestígios e que os nossos produtos são seguros até para os mais sensíveis.
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Nota Importante: O conteúdo desde artigo é meramente informativo e não deve substituir as indicações médicas.
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(1) Pereira, A. C. S., Moura, S. M., & Constant, P.B.L. (2009). Alergia alimentar: sistema imunológico e principais alimentos envolvidos. Semina: Ciências Biológicas e Da Saúde, Londrina, 29(2), 189–200.
(2) Ferreira, S., Pinto, M., Carvalho, P., Gonçalves, J.P., Lima, R., & Pereira, F. (2014). Alergia às proteínas do leite de vaca com manifestações gastrointestinais. Nascer e Crescer, 23(2), 72–79.
(3) Grupo de Interesse de Alergia a Alimentos da SPAIC, 2017. Alergia Alimentar: conceitos, conselhos e precauções, 1a Edição. Lisboa: Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica com apoio de Thermo Fisher.
(4) García, P.B. (2016). Intolerancia a la lactosa. Problemática y Alimentación. Universidad de Salamanca.
(5) Regulamento (UE) N.º 1169/2011 de 25 de outubro de 2011 do Parlamento Europeu e do Conselho da União Europeia.
(6) Pádua, I., Barros, R., André, M., & Pedro, M. (2016). Alergia alimentar na restauração. In Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável.
(7) EFSA. (2007a). Opinion of the Scientific Panel on Dietetic Products, Nutrition and Allergies on a request from the Commission related to a notification from CEPS on whey used in distillates for spirits pursuant to Article 6 paragraph 11 of Directive 2000/13/EC. EFSA Journal, 5(10), 565.
(8) EFSA. (2007b). Opinion of the Scientific Panel on Dietetic Products, Nutrition and Allergies on a request from the Commission related to a notification from EPA on lactitol pursuant to Article 6, paragraph 11 of Directive 2000/13/EC- for permanent exemption from labelli. EFSA Journal, 5(10), 570.