12 Dicas para o Regresso à Escola com Alergia Alimentar
Para quem tem filhos com alergia alimentar o início das aulas requer sempre um pouco mais de preparação, para garantir a sua segurança e prevenir a ocorrência de reações.
É importante para os pais e encarregados de educação conhecer o Regulamento Alergia Alimentar na Escola, que estabelece procedimentos para lidar com casos de alergia alimentar nas escolas, identifica os diferentes interlocutores envolvidos, como devem atuar e quais as responsabilidades de cada um, destacando a importância da formação da comunidade escolar.
Por isso, organizámos uma lista com 12 Dicas para o Regresso à Escola com Alergia Alimentar, para que não se esqueça dos pontos mais importantes.
1. Prepare os Documentos Médicos
Certifique-se que tem consigo um atestado médico que identifique as alergias do seu filho e que indique quais os medicamentos que deve trazer consigo e como/quando deve tomá-los. Vai necessitar deste documento para preencher o Plano de Saúde Individual do aluno.
Deverá ter também um Plano de Emergência que descreva os procedimentos em caso de suspeita de reação alérgica ou contacto com o alergénio, discriminando sintomas e medicamento(s) a administrar em caso de reação alérgica/anafilaxia e contactos de emergência. Na maioria dos casos, este documento é passado pelo médico Imunoalergologista que segue o paciente, mas caso o seu médico não tenha disponibilizado, a Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica (SPAIC) disponibiliza no seu site dois Planos de Emergência em Anafilaxia que mostram também como utilizar os autoinjetores de adrenalina conforme a marca.
2. Prepare o Kit com Medicação de Emergência
Antes do regresso às aulas, verifique se a medicação de emergência anti-histamínico, corticóide e adrenalina estão dentro da validade e substitua-os se necessário. Caso a validade termine antes do final do ano letivo, coloque um alerta no seu telemóvel para se lembrar de repor a medicação nessa altura.
Junto do Kit de Medicação tenha sempre uma cópia do Plano de Emergência e contactos de emergência atualizados.
É importante colocar toda a medicação e documentos dentro de uma bolsa que os proteja e que seja fácil de identificar em caso de SOS. Se andar na mochila poderá ser necessário usar uma bolsa térmica para evitar variações de temperatura que podem danificar os medicamentos.
3. Agende Reuniões com a Escola
Se se tratar de uma escola que a criança vai frequentar pela primeira vez é fundamental agendar uma reunião com a escola o mais cedo possível para dar a conhecer a situação da criança.
Prepare-se para a reunião conhecendo o Regulamento, de forma a que possa perceber: se estão a ser implementados os procedimentos do Regulamento para lidar com situações de alergia alimentar; se estão previstas/agendadas formações; qual é a sensibilidade/nível de conhecimento acerca destas questões; que informação adicional poderá fornecer para que a criança esteja mais protegida.
Se for um novo ano letivo numa escola que já frequentava anteriormente, reúna com a direção para relembrar os cuidados a ter, confirmar se houve alteração de pessoal que lide diretamente com a criança e que necessite de ser esclarecido sobre a sua situação e se há necessidade de nova formação.
Se possível, tente envolver nessa reunião todos os elementos da escola que irão ser responsáveis pela criança durante o ano letivo, a Direção da Escola, a Equipa de Saúde Escolar, a Equipa Multidisciplinar de Apoio à Educação Inclusiva, a empresa fornecedora das refeições/ pessoal da cozinha (caso a criança coma na escola), professores e auxiliares e serviço de alimentação. Quantos mais elementos estiverem informados dos riscos, precauções necessárias e como atuar em caso de emergência, mais segura estará a criança.
4. Prepare o Plano de Saúde Individual
Alunos com alergia alimentar devem ter um Plano de Saúde Individual de acordo com o modelo da Direção-Geral da Educação e Direção-Geral da Saúde. Segundo o regulamento, este deve ser elaborado pela Equipa de Saúde Escolar em colaboração com os pais/encarregados de educação e restante equipa escolar.
Leve consigo o modelo do Plano para a reunião com a escola.
Este inclui toda a informação sobre as condições de saúde do aluno, contactos de emergência, lista de alimentos a excluir, refeições consumidas na escola, medicação a administrar, sintomas de anafilaxia e recomendações de atuação, plano de formação e declaração de autorização para administração da medicação de emergência.
5. Refeições na Escola
A Direção da Escola deve garantir refeições seguras e adequadas num local de refeições compatível com as necessidades do aluno, em articulação com a cozinha/ empresa fornecedora das refeições escolares. No entanto, cada caso deve ser avaliado em relação às condições da escola e as necessidades do aluno, devendo ser definidas em articulação com a escola, o serviço de alimentação e o encarregado de educação, quais as refeições feitas na escola e a sua proveniência (fornecidas pela escola ou preparadas em casa), sendo essa informação incluída no Plano de Saúde Individual.
6. Formação
A Equipa de Saúde Escolar deve assegurar formação ao pessoal que prepara a refeição, nomeadamente quanto aos cuidados a ter para não haver contaminação cruzada e ao pessoal docente e não docente, para o reconhecimento e atuação perante uma reação anafilática alimentar. Idealmente, no início do ano letivo, em todas as escolas com alunos identificados com alergia alimentar e naquelas em que tenham mais de 1000 alunos.
Certifique-se que esta formação é efetuada, tem direito a solicitá-la à Direção da Escola ou diretamente à Equipa de Saúde Escolar do Agrupamento.
7. Prevenir reações em sala de aula
Deve fornecer informação suficiente ao professor para prepará-lo para evitar uma reação alérgica, reconhecer uma situação de emergência caso ela ocorra e para atuar de forma atempada e apropriada em caso de reação.
Se a criança fizer alergia por contacto e/ou inalação, é importante alertar para a presença de alergénios escondidos em materiais escolares e confirmar se os materiais usados pela escola são seguros. A escola deve garantir que materiais utilizados, sobretudo na educação pré-escolar, para atividades – “ciências” / “trabalhos manuais e/ou expressão plástica” - ex. plasticinas – são seguros e não contém vestígios de alergénios de origem alimentar (ex., leite, ovo, …);
8. Lembre-se da identificação
Para além a identificação habitual de todo o material escolar e outros pertences com o nome da criança, é importante que a identificação da alergia esteja bem visível para relembrar professores e auxiliares dos cuidados a ter. Poderá optar pelo uso de pulseiras de identificação de alergias, etiquetas na mochila e/ou lancheira com identificação da alergia e de que é portador de Kit de Emergência em caso de Anafilaxia.
Caso leve de casa copos e utensílios para a refeição da criança também é importante que estejam bem identificados, para não haver risco de trocas.
9. Ajude a planear a inclusão em atividades escolares
É importante sensibilizar a escola e o(s) professor(es) para que seja garantida a inclusão da criança nas atividades escolares, sejam elas curriculares, extracurriculares ou de lazer.
Peça para ser informada previamente de qualquer atividade que possa incluir o(s) alergénio(s) alimentar(es) para que consiga ajudar a encontrar uma alternativa segura e a criança possa também participar.
Se, por exemplo, estão a preparar uma atividade de culinária, peça para que lhe indiquem os ingredientes e marcas que vão utilizar para confirmar que não há riscos da presença de alergénios.
Se estão a preparar uma atividade de trabalhos manuais com materiais reutilizados que possam ter estado em contacto com o alergénio (p. e., caixas de ovos, pacotes de leite) peça para ser avisada para que possa fornecer materiais seguros para o seu filho participar em segurança.
Peça para que avisem com antecedência sempre que hajam festas de aniversário ou outras excecionais em que haja presença de comida com o(s) alergénio(s), para que possa levar de casa ou sugerir uma alternativa segura. Os Preparados para Bolos Fidu podem dar uma ajuda nestes casos, pois são soluções fáceis, rápidas e seguras.
10. Prepare a mochila com medicação e alimentos essenciais
Na mochila trazer sempre o Kit de Medicação de Emergência com toda a informação necessária e alimentos seguros e suficientes para as necessidades diárias da criança.
11. Ensine a criança a lidar com a sua alergia alimentar
Dependendo da idade e grau de desenvolvimento da criança, é importante que ela entenda a sua condição e que vá aprendendo a se proteger. Fale com o seu filho e explique-lhe que tem uma alergia, o que a provoca e quais as consequências caso contacte com o alergénio.
Por exemplo, ensine-o a nunca comer nada que não tenha sido dado pelos pais, a perguntar se tem o alergénio antes de comer, a não aceitar alimentos partilhados pelos colegas principalmente se não vier embalado e não houver maneira de confirmar a sua segurança, a alertar os adultos responsáveis (professor/auxiliar) caso sinta algum sintoma.
12. Envolva-se nas atividades escolares
Se possível, considere envolver-se na associação de pais ou voluntariar-se para ajudar a organizar atividades que requeiram o envolvimento dos pais, dessa forma poderá também passar a mensagem para os outros pais e certificar-se que o seu filho é incluído e acolhido com segurança.
Boa escola!